Professora britânica fala sobre formas de mitigar os efeitos nocivos das fake news
Claire Wardle participou do II Seminário Internacional Desinformação e Eleições, que ocorre das 9h às 18h, com transmissão ao vivo pelo canal do TSE
A emergência da desordem informacional: tendências, lições e perguntas remanescentes foi o tema da apresentação da professora britânica Claire Wardle durante o II Seminário Internacional Desinformação e Eleições – Disinformation and Elections, mediada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso.
A professora também é diretora executiva da First Daft News, organização criada em 2015 com o propósito de capacitar a sociedade para combater informações falsas e enganosas que circulam na web. No Brasil, a First Draft ajudou a criar o Projeto Comprova, parceiro do TSE no Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação.
O seminário internacional reúne especialistas e representantes do Brasil e do exterior com a finalidade de buscar soluções para impedir ou minimizar o impacto da disseminação de notícias falsas nas Eleições 2022.
Na visão de Wardle, o cenário é preocupante porque muitas pessoas não têm consciência de que estão compartilhando um conteúdo problemático que pode causar mal a alguém. As chamadas deep fakes, que utilizam inteligência artificial para criar vídeos falsos, também foram um ponto de atenção levantado pela especialista.
“Nós temos que levar as teorias a sério e pensar por que essas teorias são tão importantes e poderosas. É porque são histórias poderosas que dão explicações simples para o mundo”, observou a professora. Segundo ela, em momentos de crise é comum que as pessoas busquem explicações que dão um falso senso de controle para apaziguar os ânimos. E é justamente nesse vácuo de informações e dados oficiais que entra a desinformação. “É um ecossistema muito participativo e difícil de entender. É dinâmico e as pessoas sentem que fazem parte de alguma coisa”, analisou.
Para a professora, o combate às notícias falsas passa pelo treinamento de mensageiros confiáveis, que seriam membros de determinadas comunidades, para reconhecer e como denunciar as fake news disseminadas no ambiente digital.
Outra estratégia para neutralizar o efeito da desinformação é explicar quais são as técnicas aplicadas na criação da tese, como o uso de falsos especialistas. “Seja você conservador ou liberal, ninguém quer ser enganado por informações errôneas”, afirmou Wardle, baseando-se em um dos estudos apresentados ao longo do seminário.
Ainda de acordo com Claire, a mídia tradicional também é responsável por amplificar o alcance de publicações enganosas ao reproduzir falas de autoridades sem indicar que determinado conteúdo se trata de desinformação.
Ao final da exposição, o presidente do TSE comentou que um dos maiores desafios atuais é encontrar um equilíbrio apropriado entre a liberdade de expressão e o controle do impacto negativo das informações falsas compartilhadas em meio virtual.
“Os países têm diferentes estruturas, diferentes históricos, diferentes experiências e isso pode explicar um pouco do quanto nós temos receio do controle de liberdade de expressão. De outro lado, nós não gostaríamos que a mídia social se tornasse um instrumento para crimes, desinformação ou outros comportamentos ilícitos”, disse Barroso.
Sobre o evento
O II Seminário Internacional Desinformação e Eleições – Disinformation and Elections tem como principais objetivos reunir dados, compartilhar experiências, colher sugestões e enriquecer o conhecimento geral sobre medidas viáveis de enfrentamento das notícias falsas. O encontro acontece das 9h às 18h desta terça (26), com transmissão ao vivo pelo canal do TSE no YouTube.
BA/CM, DM
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