TSE dá início ao Teste Público de Segurança 2016
Teve início na manhã desta terça-feira (8) o Teste Público de Segurança 2016, que recebe especialistas para tentar quebrar as barreiras tecnológicas da urna eletrônica com o objetivo de fortalecer a confiabilidade, a transparência e a segurança da captação e apuração dos votos, para permitir melhorias em todo o processo eleitoral.
O secretário de Tecnologia de Eleições, Giuseppe Janino, fez a abertura oficial do TPS e deu boas-vindas aos participantes explicando os procedimentos do teste. São 13 investigadores que apresentaram seus planos de ataque previamente e tentarão colocar em prática suas estratégicas de hoje até quinta-feira. Cada equipe tem à disposição computadores e a quantidade de urna solicitados. Durante todo o trabalho quatro comissões acompanham o TPS: a comissão organizadora, que prepara o ambiente; a comissão reguladora, que analisa tecnicamente todas as iniciativas do TPS; a comissão de comunicação institucional, que faz o contato com o mundo externo; e a comissão avaliadora, que é composta por pessoas de notório saber e independentes para fazer a avaliação geral dos resultados do teste.
“Deixamos bem claro que não se trata de uma competição. Não é um concurso. É uma forma democrática, colaborativa em que o cidadão comum pode vir aqui dar sua contribuição. Não existe o TSE contra o investigador. Somos parceiros e o objetivo disso é termos um sistema muito mais seguro e transparente”, enfatizou Giuseppe Janino.
Ele explicou que esse acontecimento é de grande importância porque o Brasil é o único país no mundo que faz um evento dessa magnitude, abrindo os sistemas eleitorais para que eventuais investigadores ou hackers venham tentar quebrar os dispositivos de segurança. Essa é a terceira edição do TPS, que a partir da Resolução 23.444 passou a ser obrigatório e agora faz parte de um ciclo de preparação para as eleições, focado especificamente nas soluções tecnológicas. O próximo teste será realizado no primeiro semestre de 2018, ano das próximas eleições gerais.
Investigadores
O secretário explicou que os investigadores fazem parte de um “grupo bastante seleto de pessoas que tem a formação na área de Tecnologia da Informação, ligadas a universidades, doutores, mestres e que leva os testes para um nível bastante superior e isso é bastante favorável”.
Luis Fernando de Almeida é professor da Universidade de Taubaté e trouxe sua equipe - formada por quatro de seus alunos do curso de Engenharia da Computação – para participar como investigadores do TPS. “Nossa intenção é tentar, de uma forma ou de outra, colaborar para ajudar a aprimorar os aspectos de segurança da urna, então a gente vem com essa filosofia aqui de colaborar com o aspecto de segurança”, disse ele aos jornalistas.
Mulher investigadora
Nesse primeiro dia do TPS, 8 de março, que também é Dia Internacional da Mulher, uma única mulher faz parte do time de 13 investigadores. Ela é Elisabete Evaldt, servidora da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e formada em Ciência da Computação.
Ela destacou que esse é um ambiente predominantemente masculino – com uma média de 30 homens para uma mulher dentro das universidades – porém, muito receptivo para mulheres. Segundo ela, é óbvio que a mulher vai ter um pouco de dificuldade na carreira, pois tem sempre que mostrar um currículo um pouco melhor, pois existe sim uma competição com os homens. No entanto, acredita que “é um ambiente favorável porque se você enfrentar essa fase inicial vai ver que é muito mais receptivo do que outras áreas da engenharia. “Os primeiros códigos (de computação) foram criados por mulheres, então a gente até faz um trabalho de vez em quando de ir nas escolas mostrar para as meninas que há futuro na carreira pra atrair mais mulheres”, disse.
Elisabete também afirmou que gostaria de ver mais mulheres do outro lado, se candidatando. “Sinto essa necessidade de me sentir mais bem representada no Congresso e em todas as esferas estadual, municipal parece até que lá é mais fechado do que a Ciência da Computação para as mulheres. Está faltando uma política de incentivo para a participação da mulher na política”, cobrou a especialista.
Sobre o TPS, ela destacou a importância de colaborar com o TSE na questão da segurança do processo eleitoral. “A sociedade como um todo sempre questiona esse tipo de coisa e é o papel dela fazer esse questionamento, então é um trabalho bem colaborativo de vir aqui e trazer uma visão um pouco diferente de quem está dentro da casa e verificando o processo como um todo”, disse ela ao acrescentar: “minha expectativa é boa porque o TSE está dando publicidade, está dando a opção das pessoas virem aqui, pessoas que entendem do assunto e de outros áreas, vir colaborar ao invés de ficar sentado em casa criticando ou questionando se é seguro ou não”.
Resultados anteriores
Um dos exemplos citados pelo secretário como contribuição de testes anteriores, foi o fato de uma equipe ter encontrado determinada fragilidade que gerou condições de realizar melhorias. Em 2009 um investigador conseguiu captar as ondas eletromagnéticas à medida que as teclas eram pressionadas. Então, em cada tecla ele conseguiu identificar que tinha uma frequência diferente e, com um rádio receptor, captava essas frequências e traduzia no que estava sendo digitado. “Apesar da eficácia estar restrita a uma distância de 12 centímetros, ele proporcionou uma melhoria considerável no projeto da própria urna. Hoje o teclado da urna é blindado e criptografado. É um resultado tático de uma evolução baseado nessa colaboração que nós tivemos”, explicou Giuseppe ao destacar que essa contribuição foi muito importante porque ali foi encontrada uma fragilidade e imediatamente corrigida por um algoritmo muito mais forte. “Então, nesses testes o que se obtém são resultados bastante objetivos que nos dão oportunidades para fazer a melhoria do processo eleitoral, tanto na questão da segurança quanto na questão da transparência”, enfatizou.
Convidados
Além dos participantes inscritos, o TSE também permite a entrada de convidados que tenham interesse em acompanhar o TPS. Uma dessas convidadas que compareceram no primeiro dia é Danuza Silva da Luz, que ficou sabendo pela televisão e ficou curiosa para saber mais. Apesar de morar em Brasília, ela é de uma cidade pequena no interior do Maranhão – Sambaíba - e disse vir buscar mais conhecimento e bagagem para levar para seus conterrâneos. “Tudo o que for de importante para que a gente consiga fortalecer a democracia, consiga um voto mais consciente para que a gente consiga muda o nosso país, o eleitor tem que estar informado e consciente”, afirmou ela ao dizer que pretende levar além de fotos e vídeos do evento, a confirmação de que a urna é realmente segura. Seu foco é falar principalmente com os jovens eleitores que vão votar pela primeira vez esse ano para eleger prefeito e vereadores. “Quero explicar como funciona a urna e falar sobre a segurança. Lembro quando era tudo a base da caneta e hoje temos toda essa tecnologia. Eu quero levar essas informações para a minha cidade, para o meu povo para que eles façam uma votação mais consciente diante de tudo o que a gente tá passando atualmente no país”, afirmou.
O resultado do TPS será divulgado, oficialmente, em audiência pública no próximo dia 15 de março, terça-feira.
CM/TC