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Exposição virtual eleições de 1933

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O Tribunal Superior Eleitoral apresenta

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Apresentação

“Aqui estou, Senhores, em obediência a um preceito do vosso Regimento e, ainda, para corresponder à gentileza da homenagem que o ilustre Sr. Ministro da Justiça quis prestar ao Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, que tenho a honra de presidir. [...] Minha missão aqui é muito simples. Consiste, apenas, em receber os diplomas, dar-lhes o destino conveniente e presidir a eleição do vosso Presidente efetivo. [...] Srs. Representantes do Povo na Assembleia Nacional Constituinte, tenho a honra de apresentar-vos as minhas atenciosas saudações.” (Discurso de abertura da 1ª Sessão Preparatória da Assembleia Nacional Constituinte, de 10 de novembro de 1933, proferido pelo então Presidente do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, o Ministro Hermenegildo de Barros)

Quarta-feira, 3 de maio de 1933. Nessa data, foi realizada a primeira eleição organizada pela Justiça Eleitoral, ramo especializado do Poder Judiciário criado com a função de administrar os pleitos eleitorais em todos os seus níveis, do alistamento à apuração. O sufrágio, pela primeira vez na história nacional, ocorria sem os perigos do voto a descoberto. De maneira inédita, as mulheres participaram da eleição votando e sendo votadas.

Infelizmente, esse foi um dos poucos pleitos realizados sob a égide da Justiça Eleitoral em sua breve primeira fase (1932-1937). Apesar da importante inclusão feminina, fato é que menos de 4% da população total votou em 1933. Também há registro de fraudes eleitorais, embora, pela primeira vez, sem a cumplicidade do Estado.

Ainda assim, a primeira eleição realizada pela recém-criada Justiça Eleitoral foi um marco na história do país. Não foi perfeita, insuscetível de críticas e aperfeiçoamentos, mas abriu espaço para criação de um novo padrão de confiabilidade.

Por isso mesmo, a eleição de 1933, a primeira realizada pela Justiça Eleitoral, é tema desta importante exposição virtual. A mostra reúne inédita compilação de dados sobre esse pleito, com informações sobre eleitores e candidatos, além dos resultados finais. Seu contexto histórico é apresentado a partir de textos, documentos e imagens.

Se é verdade que o processo eleitoral brasileiro foi largamente aprimorado e fortalecido ao longo do tempo, o pleito de 3 de maio de 1933 nos relembra que ideias pensadas há quase 90 anos, como o voto secreto e a cabine de votação indevassável, ainda são aplicáveis e relevantes hoje. Daí a grande importância de recuperar a memória desse momento histórico, que representou o primeiro – e ainda cambaleante – passo em busca da verdade eleitoral.

Ministro Luís Roberto Barroso Presidente do Tribunal Superior Eleitoral

painel1_1 - Outubro de 1930

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Outubro de 1930

Início de uma nova era

O modelo econômico agroexportador – sustentáculo das oligarquias políticas estaduais da Primeira República – sofreu duro golpe com a crise financeira de 1929. Estados Unidos e Europa, principais compradores do café brasileiro, enfrentavam as consequências da quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Para piorar a situação, no ano anterior (1928), houve grande safra de café no Brasil, o que fez seu preço cair. Ao adicionar à crise econômica o componente de instabilidade social representado pelos movimentos tenentistas, deu-se o cenário de ruptura institucional.

painel1_2 - Outubro de 1930

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Outubro de 1930

Início de uma nova era

Nesse contexto de instabilidade econômica e social, a eleição presidencial ocorreu em março de 1930. Duas frentes confrontaram-se na última eleição sob a égide da Política do Café com Leite: de um lado, apoiado pelo então Presidente Washington Luís e pelo Partido Republicano Paulista, Júlio Prestes; do outro, Getulio Vargas, candidato pela Aliança Liberal – grupo formado, ainda em 1929, sobretudo por lideranças políticas de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e da Paraíba. Apesar de ser ainda bastante favorável aos interesses oligárquicos dos estados que a apoiavam, a Aliança Liberal também trazia, em seu programa de governo, algumas reivindicações das crescentes camadas urbanas do país, além de prometer anistia aos tenentistas.

painel1_3 - Outubro de 1930

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Outubro de 1930

Início de uma nova era

Após a vitória de Júlio Prestes, denúncias de fraude eleitoral mobilizaram opositores do candidato paulista. A Aliança Liberal recusou-se a aceitar o resultado da eleição. A posse do presidente eleito se aproximava, assim como aumentavam as tensões políticas. Em 26 de julho, o candidato a vice-presidente na chapa de Vargas, João Pessoa, foi assassinado. Mesmo a morte não estando ligada à sucessão presidencial, o fato foi o suficiente para mobilizar setores importantes da sociedade (Forças Armadas, principalmente) contra a posse de Júlio Prestes. Em 24 de outubro de 1930, um movimento armado derrubou o governo do Presidente Washington Luís, e representantes do Exército e da Marinha tomaram o poder. Pouco depois, em 3 de novembro, Getulio Vargas – candidato derrotado na eleição e principal articulador político da Aliança Liberal – assumiu a chefia do governo provisório.

painel2_1 - Criação da Justiça Eleitoral

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Criação da Justiça Eleitoral

O código de 1932

O governo provisório, que assumiu o país após a Revolução de 1930, trouxe consigo a promessa de profundas reformas nacionais em diversas áreas. Ainda em dezembro de 1930, o chefe do governo provisório institui comissão legislativa que seria responsável por elaborar os projetos de reforma. Para dar conta da imensa tarefa, a comissão foi dividida em dezenove subcomissões temáticas, compostas cada uma por três membros. Dentre elas, estava a de legislação eleitoral (lei e processo), integrada pelos Senhores Assis Brasil, João Chrysostomo da Rocha Cabral e Mario Pinto Serva. Os três escolhidos detinham notório conhecimento em matéria eleitoral, tendo anteriormente publicado livros que tratavam da democracia representativa e do voto secreto.

painel2_2 - Criação da Justiça Eleitoral

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Criação da Justiça Eleitoral

O código de 1932

Após inúmeras críticas à demora na elaboração do texto da subcomissão, o anteprojeto foi publicado para consulta pública em agosto de 1931. A publicação do anteprojeto da lei eleitoral não o isentou de mais críticas, agora direcionadas a diversos dispositivos do texto. O tema mais emblemático provavelmente foi o relacionado ao voto feminino. Apesar de o anteprojeto ter previsto a inovação, a participação das mulheres nas eleições estava condicionada a uma série de restrições. Às mulheres solteiras permitia-se o alistamento eleitoral apenas para as sui iuris, ou seja, aquelas que tivessem “economia própria” e vivessem de seu “trabalho honesto”; às casadas, o direito ao voto era restrito às que exercessem “lícita profissão” ou às que tivessem função “autorizada pelo marido”. Após intensa pressão política de grupos feministas, os dispositivos que restringiam o alistamento feminino foram retirados do projeto, tornando-se apenas facultativos.

painel2_2_1 - Criação da Justiça Eleitoral

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Criação da Justiça Eleitoral

O código de 1932

Cartas da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino enviadas a Getúlio Vargas e João Chrysostomo (membro da subcomissão de reforma eleitoral), com relatório sobre a adoção do voto feminino em diversos países antes do Brasil, 12/12/1931.

Cartas da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino enviadas a Getúlio Vargas, João Chrysostomo e Assis Brasil, com sugestão de artigo para a adoção do voto feminino na nova lei eleitoral, 12/12/1931.

painel2_3 - Criação da Justiça Eleitoral

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Criação da Justiça Eleitoral

O código de 1932

Depois de meses de tramitação e de revisão do projeto, o texto final foi publicado em 24 de fevereiro de 1932 por meio do Decreto nº 21.076. Dentre as diversas inovações, as mais importantes foram: instituição do voto feminino (art. 2), criação da Justiça Eleitoral (art. 5º), estabelecimento do voto secreto (art. 57), adoção do sistema de representação proporcional (art. 58) e advento do voto obrigatório (art. 121). O Código Eleitoral de 1932 tinha, portanto, o objetivo político de conduzir o país à reconstitucionalização, integrando-o assim ao rol das modernas democracias liberais do mundo.

painel3_1 - Revolução Constitucionalista

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Revolução Constitucionalista

A Guerra dos Paulistas

Os primeiros dois anos do governo provisório de Getúlio Vargas foram marcados por instabilidade política e disputas de poder entre os grupos que participaram do movimento de outubro de 1930. O Estado de São Paulo tornou-se palco do impasse que se transformou em guerra civil.

O Partido Democrático (PD), que fez parte da Aliança Liberal de Vargas, estava descontente com os desdobramentos da revolução, principalmente com as indicações do governo central de pessoas sem ligação com o estado para serem interventores em São Paulo. Além disso, não havia segurança de que a Constituição de 1891 (tornada sem efeito) seria substituída por uma nova, a despeito dos decretos editados nesse sentido. O descontentamento era tamanho que o PD aliou-se ao Partido Republicano Paulista (partido muito influente na Primeira República) para formar a Frente Única Paulista (FUP), em fevereiro de 1932.

painel3_2 - Revolução Constitucionalista

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Revolução Constitucionalista

A Guerra dos Paulistas

Dois fatos exemplificam claramente a falta de diálogo e de confiança na relação entre o Executivo federal e as forças políticas de São Paulo: no dia em que foi publicado o decreto de criação da Justiça Eleitoral, foi organizada uma festa – que virou comício de oposição ao governo – em comemoração aos 41 anos da Constituição de 1891; e, em 23 de maio de 1932 (apenas nove dias após a publicação do decreto que fixava a data da eleição para a Assembleia Nacional Constituinte), ocorreu um comício reivindicando nova Constituição para o país. O comício transformou-se em revolta popular, e quatro jovens morreram no conflito – Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo.

A sigla M.M.D.C. (em referência aos mortos no conflito de maio) unia paulistas contra o governo e a favor de uma nova Constituição. No decorrer dos meses seguintes, a FUP buscou formar alianças em outros estados para derrubar Vargas. Finalmente, em 9 de julho de 1932, os revolucionários avaliaram que o movimento estava maduro o suficiente. Houve, então, a invasão das repartições públicas federais em São Paulo, com o confisco da renda para custear o esforço de guerra. Após esse movimento, o conflito entre governo e paulistas foi deflagrado. Os confrontos estenderam-se por quase três meses, e as batalhas concentraram-se em São Paulo. Os apoios prometidos pelo Rio Grande do Sul, por Minas Gerais, pela Bahia e pelo Rio de Janeiro não se concretizaram. Apenas no Estado do Mato Grosso ocorreram combates mais relevantes entre as tropas constitucionalistas e governistas. Houve envolvimento de muitos setores da sociedade, inclusive de mulheres, negros e operários, fato que vai de encontro ao caráter elitista da revolução dado pelos jornais mais alinhados ao governo na época.

Em 2 de outubro de 1932, a rendição das tropas constitucionalistas foi assinada. No fim do conflito, ocorreu uma acomodação de forças. Algumas lideranças perderam seus direitos políticos ou foram exiladas. Por outro lado, o calendário eleitoral foi mantido, e a eleição para a Assembleia Nacional Constituinte ocorreu mesmo em maio do ano seguinte. Além disso, as demandas econômicas de São Paulo, em especial da elite cafeeira, foram contempladas pelo governo.

painel3_2_1 - Revolução Constitucionalista

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Revolução Constitucionalista

A Guerra dos Paulistas

Para saber mais sobre a Revolução de 1932, assista o documentário a seguir, dividido em 3 partes:

Parte 1 Parte 1
Parte 1

Parte 1

Parte 2 Parte 2
Parte 2

Parte 2

Parte 3 Parte 3
Parte 3

Parte 3

A Guerra dos Paulistas: a Revolução Constitucionalista de 1932
TV Cultura
2002

painel4_1 - Eleição de 1933

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Eleição de 1933

A Primeira da Justiça Eleitoral

“Eleições mais livres que se verificaram no país”: assim constatou a Secretaria do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral acerca da eleição de 1933 para a escolha dos deputados da Assembleia Nacional Constituinte. O registro consta em relatório publicado um ano após o pleito. O caminho para o êxito, todavia, contou com esforço inédito. A criação da Justiça Eleitoral trouxe uma nova estrutura judiciária para o Brasil, com a instalação de 23 tribunais eleitorais espalhados por todos os estados e pelo Distrito Federal. Com eles, vieram a célere contratação de servidores públicos, a divisão eleitoral do país em zonas, a nomeação de juízes eleitorais, a instalação de cartórios eleitorais, o alistamento de eleitores, a organização das mesas receptoras de votos, dentre outras medidas.

painel4_2 - Eleição de 1933

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Eleição de 1933

A Primeira da Justiça Eleitoral

O início da Justiça Eleitoral e os preparativos da sua primeira eleição ocorreram com inúmeros percalços. De maneira improvisada, o Tribunal Superior foi instalado inicialmente em duas salas do palácio da Câmara dos Deputados. O Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE/AC) iniciou suas atividades em uma casa particular. Reclamações por mais verbas para aquisição de mobiliário e pagamento de salários demonstravam a precariedade por que passavam os novos órgãos eleitorais. Apesar das dificuldades, mais de cinco milhões de fichas em papel para emissão de títulos eleitorais foram distribuídas para os tribunais durante o alistamento. Após a anulação dos cadastros eleitorais da Primeira República, quase um milhão e quinhentos mil eleitores foram alistados em poucos meses.

painel4_3 - Eleição de 1933

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Eleição de 1933

A Primeira da Justiça Eleitoral

As regras da inédita eleição também eram complexas. O Código Eleitoral permitia registro de candidatos por partido político, aliança de partidos, grupo de eleitores e, até mesmo, candidaturas avulsas. As agremiações políticas, por sua vez, eram estaduais e registradas nos tribunais regionais. Um candidato poderia concorrer simultaneamente por mais de um partido. Na inauguração do sistema de representação proporcional, a votação dava-se em dois turnos simultâneos por meio de lista aberta de candidatos. Nas cédulas, que podiam ser confeccionadas pelos partidos políticos e distribuídas em jornais, o primeiro nome da lista era votado em primeiro turno e os demais nomes listados abaixo eram votados em segundo turno. As implicações negativas desse complicado sistema seriam sentidas mais adiante, na apuração dos votos.

painel4_4 - Eleição de 1933

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Eleição de 1933

A Primeira da Justiça Eleitoral

Não obstante todas as dificuldades, a expectativa da população na véspera da votação era grande. Oswaldo Aranha chegou a comparar o significado histórico daquela eleição à abolição da escravatura. “O escravo foi libertado em 88 e o povo em 33. São as duas maiores datas da nossa formação”, disse o ministro da fazenda ao jornal O Globo. Duas novidades foram notadas naquele feriado de 3 de maio de 1933, dia da votação: a participação das mulheres e o voto secreto.

Na primeira eleição em que o voto feminino foi permitido no Brasil, algumas seções eleitorais foram instaladas exclusivamente para elas. Não se tem registro de quantas eleitoras compareceram às urnas, porém, dentre os 1.040 candidatos, apenas 19 eram mulheres, das quais mais de 60% disputaram o cargo no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Provavelmente, resultado da atuação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização que tinha sede na capital do país, onde exercia sua maior influência. Bertha Lutz, fundadora da organização e maior nome dentre as sufragistas brasileiras, foi uma das candidatas nessa eleição. Somente Carlota Pereira de Queiroz, candidata em São Paulo, foi eleita no pleito de 1933.

painel4_5 - Eleição de 1933

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Eleição de 1933

A Primeira da Justiça Eleitoral

Chegando ao local de votação, o eleitor recebia do mesário um envelope opaco chamado sobrecarta. Com ela em mãos e com a cédula no bolso ou na bolsa, o eleitor dirigia-se a uma cabine fechada com cortina. Lá dentro, inseria secretamente a sua cédula de votação na sobrecarta. Ao sair, o envelope com a cédula era depositado na urna, após a conferência visual da sua autenticidade pelo presidente da mesa, pelos fiscais e pelos delegados presentes. Com esse mecanismo simples, nasceu o voto secreto no Brasil. Essa novidade impressionou positivamente muitos eleitores, que ansiavam pelo fim do voto de cabresto. Dentro da cabine indevassável, o eleitor, em tese, era senhor do seu voto, podendo manifestar a sua vontade sem pressões externas.

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Eleição de 1933

A Primeira da Justiça Eleitoral

Assista a seguir um filme exibido em 1945, que demonstra como era a votação em uma seção eleitoral com gabinete indevassável e sobrecarta.

Como votar nas eleições em 2 de dezembro de 1945
Centro de Memória Eleitoral (TRE/SP)

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Eleição de 1933

A Primeira da Justiça Eleitoral

Em 3 de maio de 1933, dia da eleição, 1.466.700 eleitores estavam inscritos nas mais de cinco mil seções eleitorais espalhadas por todo o país. Desses, aproximadamente 84% compareceram às urnas. Pouco mais de mil candidatos disputavam as 214 vagas de deputados constituintes. Em um sistema de partidos regionais, 108 legendas disputavam o pleito, além de centenas de candidatos avulsos.

Nessa miscelânea de legendas, grupos heterogêneos apresentavam-se à população em busca do voto. Os Integralistas, movimento de inspiração fascista, lançaram em São Paulo o jurista Miguel Reale e outros três candidatos. No Ceará, a Liga Eleitoral Católica elegeu seis deputados, dentre eles Waldemar Falcão, futuro ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral na eleição presidencial de 1945. Por outro lado, partidos minoritários apoiavam a liberdade religiosa e o ensino leigo, como o Pró-Estado Leigo, com candidatos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Especificamente no dia da eleição, ocorreram, como era de se esperar para uma primeira experiência, diversas intercorrências: desde situações de fraude eleitoral – como em Curralinho/PA, onde houve a anulação de uma seção por violação do sigilo do voto – até dificuldades referentes à organização da votação em si, o que gerou situações inusitadas, como a de um eleitor que, cansado de esperar sua vez de votar, rasgou seu título eleitoral e a de uma senhora paulista que protestou em relação à desorganização na distribuição de senhas em cima de uma das cadeiras da sala de aula onde estava instalada sua seção eleitoral.

painel4_7 - Eleição de 1933

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Eleição de 1933

A Primeira da Justiça Eleitoral

A apuração dos votos, iniciada um dia após a votação, revelou alguns detalhes que não foram contemplados no Código Eleitoral de 1932. Em primeiro lugar, as complexidades e exigências do novo sistema resultaram em uma contagem de votos extremamente lenta. Em resposta, o Tribunal Superior aprovou o encaminhamento de um anteprojeto que visava simplificar o processo de apuração. Outro problema foi a ambiguidade do texto normativo, que provocou interpretações distintas entre os tribunais regionais. Nem as diretrizes passadas aos regionais pelo Ministro Hermenegildo de Barros, Presidente do TSJE, foram suficientes para evitar uma avalanche de recursos que chegaram ao Tribunal Superior, questionando a aplicação da norma nos estados. Além disso, a eleição precisou ser realizada novamente nos Estados do Espírito Santo, Mato Grosso e Santa Catarina.

painel4_8 - Eleição de 1933

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Eleição de 1933

A Primeira da Justiça Eleitoral

Ao final, a eleição de 1933 revelou-se complexa, difícil e inovadora. No limiar da Justiça Eleitoral, a tentativa de superar o modo de escolha dos representantes políticos do período anterior produziu soluções que permanecem ainda hoje. Afinal, foi no Código Eleitoral de 1932 que se introduziram ideias como o sistema de representação proporcional e as fórmulas de quociente eleitoral e quociente partidário, em vigor, com modificações e atualizações, até os dias atuais.

A Assembleia Nacional eleita promulgou, no ano seguinte, uma Constituição híbrida, absorvendo desde elementos favoráveis à organização oligárquica da sociedade até aspectos sociais democratas. A Carta de 1934 acabou sendo a mais breve da história brasileira, vigorando por apenas três anos, até o advento do Estado Novo.

Apesar disso, os efeitos indiretos do pleito de 1933 continuam presentes nos dias de hoje. Getulio Vargas, na abertura dos trabalhos da Constituinte, asseverou que aquela havia sido a eleição mais “livre e honesta, realizada até hoje no Brasil”. A criação da Justiça Eleitoral, a participação feminina, o voto secreto e a representação proporcional tornaram, sem dúvida, a eleição de 1933 um marco da história do país.

A criação da Justiça Eleitoral, a participação feminina, o voto secreto e a representação proporcional tornaram, sem dúvida, a eleição de 1933 um marco da história do país.

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RESULTADO DAS URNAS

Para saber mais sobre a eleição de 1933, consulte o resultado final e consolidado do pleito.
Este painel é fruto de uma pesquisa inédita nas fontes oficiais produzidas pela Justiça Eleitoral.

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Logo Tribunal Superior Eleitoral
Presidente

Ministro Luís Roberto Barroso

Vice-Presidente

Ministro Edson Fachin

Ministros

Ministro Alexandre de Moraes
Ministro Luis Felipe Salomão
Ministro Mauro Campbell Marques
Ministro Sérgio Banhos
Ministro Carlos Bastide Horbach

Procurador-Geral Eleitoral

Augusto Aras

Logo
Secretária-Geral da Presidência

Aline Rezende Peres Osorio

Diretor-Geral da Secretaria

Rui Moreira de Oliveira

Realização e curadoria

Secretaria de Gestão da Informação
Cleber Schumann

Equipe de pesquisa e redação

Semus/Cblem/SGI

Revisão de textos

Seprev/Cedip/SGI

Arte gráfica

Seprov/Cedip/SGI

Implementação de recursos de TI

Sedesc IV/CSCOR/STI

Programação e Web Design

SGWeb/Coweb/Secom

Agradecimentos

Arquivo Nacional
Biblioteca Professor Alysson Darowish Mitraud (TSE)
Câmara dos Deputados
CPDOC/Fundação Getúlio Vargas
Fundação Biblioteca Nacional
TV Cultura
Tribunais Regionais Eleitorais (ES, MG, SP)
Wikimedia Commons