Eleições não se fazem sozinhas

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), junto com os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), são os responsáveis diretos pela administração do processo eleitoral nos estados e nos municípios brasileiros. Mas o que realmente há por trás disso? Como é organizar uma eleição em um país continental como o Brasil?
Honestamente, antes de entrar para o TSE, eu nunca tinha parado para pensar nisso: como a urna eletrônica, os mesários, as cabinas de votação, por exemplo, foram parar dentro de uma sala de aula, numa escola, num primeiro domingo de outubro dos anos pares. Eu simplesmente achava que a seção eleitoral nascia ali, já vinha prontinha!
A realidade é bem diferente, pois as eleições envolvem muito trabalho, de muitas pessoas, de muitos órgãos, não só da Justiça Eleitoral (JE). Há, até mesmo, uma “piadinha interna” nos bastidores das eleições que diz: ao entrarmos nesse seguimento do Poder Judiciário, somos picados pelo “mosquitinho das eleições”, que nos deixa “viciados e apaixonados” por nosso trabalho. De fato, foi o que ocorreu comigo há quase 14 anos.
Hoje, acredito que a “substância viciante” transmitida pelo mosquitinho seja parte da integração necessária entre todos os tribunais, zonas eleitorais e outros órgãos. Isso faz com que tenhamos não só colegas, mas amigos no país inteiro.
Quando termina uma eleição, imediatamente se inicia o processo de avaliação do evento. Analisa-se tudo que deu certo e o que pode ser aperfeiçoado, dando início ao planejamento do próximo ciclo eleitoral. Assim, o ciclo se repete a cada dois anos, sempre com o objetivo de aperfeiçoar e entregar um serviço cada vez melhor para a sociedade.
Durante esse período (do término de uma eleição até a outra), o TSE, juntamente com os TREs e as zonas eleitorais, desempenha inúmeras atividades administrativas, como as abaixo descritas:
- Administração do cadastro eleitoral (alistamento de novos eleitores, regularização de títulos eleitorais, mudanças de domicílios, entre outras atividades relacionadas ao cadastro);
- Realização de licitações de materiais para as eleições;
- Desenvolvimento de sistemas, testes e simulados de software e de hardware;
- Desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis;
- Realização do Teste Público de Segurança e auditorias nos sistemas eleitorais;
- Desenvolvimento do treinamento e convocação de mesários;
- Realização de acordo e tratativas com as Forças Armadas para auxílio logístico e segurança da votação em diversas localidades do Brasil; e
- Campanha de conscientização do eleitor e estruturação do Centro de Divulgação das Eleições (estrutura necessária para o acompanhamento da imprensa durante o processo eleitoral).
Em síntese, essas são as principais atividades desempenhadas por toda a Justiça Eleitoral para que as eleições brasileiras ocorram com transparência, segurança e efetividade. Ressalta-se que esse evento só acontece com a integração e participação de todos os órgãos da Justiça Eleitoral, outras instituições (Ministério Público, Forças Armadas, OAB, Polícias Estaduais, etc.) e de toda a sociedade.
Como destacado, o “vício” em fazer eleições é resultado da integração interna dos órgãos da JE, que se soma à integração de órgãos externos. Essa união é extremamente necessária para realizarmos uma entrega satisfatória e bem definida a cada dois anos. Além disso, somos referência mundial no que fazemos. Viciamo-nos em contribuir para a democracia brasileira, com adrenalina e paixão, que nos fortalecem em cada passo que damos para que todos possam votar de forma segura, efetiva e transparente. Recomendo a todos os brasileiros que experimentem essa sensação!