Justiça Eleitoral destina mais de 195 mil urnas eletrônicas fora de uso para descarte ambientalmente correto
Equipamentos são do modelo UE 2009. Ao todo, descarte envolve mais de 1,8 mil toneladas de materiais
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A preservação do meio ambiente é uma preocupação permanente da Justiça Eleitoral (JE). Nesse sentido, capitaneada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a JE enviou para descarte ecológico 195.227 urnas eletrônicas modelo UE 2009 – um total de 1.873.940 quilogramas (kg) –, incluindo baterias e demais materiais correlatos, ou seja, suprimentos necessários para o funcionamento das urnas.
O recolhimento aconteceu em todo o território nacional e abrangeu a totalidade dos equipamentos desse modelo armazenados pelos tribunais regionais eleitorais (TREs) e pelo TSE.
Os materiais foram transportados em caminhões lacrados para a empresa NGB Recuperação e Comércio de Metais, localizada em Guarulhos (SP), responsável pelo armazenamento, pela desmontagem, pela descaracterização e pela destinação ambientalmente correta das urnas e dos materiais correlatos. A estocagem em um único local garante segurança ininterrupta por 24 horas, durante os sete dias da semana.
O recolhimento nacional, que começou pela região Norte e terminou na região Sudeste, está totalmente concluído, e a descaracterização dos equipamentos já alcança 52%.
No caso do TSE, o primeiro carregamento para retirada de urnas eletrônicas modelo UE 2009 ocorreu no dia 5 de agosto de 2024. Aproximadamente, 13 carretas transportaram todos os materiais armazenados no Tribunal.
Desmonte, descaracterização e reciclagem
As urnas eletrônicas são utilizadas, em média, por dez anos ou cerca de seis eleições. Depois disso, são descartadas e recicladas de forma ecologicamente correta. Essa medida reafirma a preocupação permanente da Justiça Eleitoral com a preservação ambiental.
Durante o processo, as urnas e os suprimentos são recolhidos e enviados para o desmonte. Nessa fase, ocorre a separação dos materiais por tipo: metal, plástico, placas leves (que têm maior probabilidade de conter metais nobres), placas pesadas (com menor valor de mercado), borracha e outros materiais.
Após o desmonte das urnas, os materiais são descaracterizados, ou seja, são moídos ou quebrados em partes pequenas. Em seguida, são separados por tipo e, já descaracterizados, são enviados para a reciclagem. Por questões ambientais e de segurança do processo eleitoral, a empresa deve comprovar que tais materiais foram efetivamente usados para a reciclagem.
Vale ressaltar que todo o processo de descarte é auditado no local por servidores do TSE, desde o recebimento dos materiais – com a verificação dos lacres colocados nos caminhões pelo respectivo TRE – até a descaracterização e o atendimento de outras exigências pela empresa.
Logística sustentável
O descarte da urna compõe o Plano de Logística Sustentável (PLS) do TSE 2021-2026, aprovado por meio da Portaria TSE nº 98, de 16 de fevereiro de 2023, e tem como meta descartar, de forma ambientalmente correta, 100% do material gerado.
Desse modo, no mínimo 95% do material gerado, entre baterias, plásticos e metais, deve ser encaminhado para reciclagem, e o resíduo para aterros certificados. Atualmente, o índice de reciclagem atinge 98% do material gerado.
Nesse grupo de indicadores, são monitorados diversos itens descartados, como quantidade de urnas, baterias e resíduos de componentes plásticos; cabos elétricos; bobinas de impressão; cabines de votação; componentes de impressão; e itens metálicos. Também passam por monitoramento os rejeitos, que são os resíduos processados durante o descarte e a destinação ecologicamente correta de urnas eletrônicas inservíveis e que não são passíveis de reaproveitamento ou reciclagem.
Esses procedimentos exigidos garantem uma destinação ambientalmente adequada. Também aprimoram os objetivos estratégicos de políticas e práticas de sustentabilidade da Justiça Eleitoral, que prima pela promoção da coleta seletiva, com estímulo à redução do consumo e da produção de resíduos, bem como ao reuso e à reciclagem de materiais. Assim, a JE ainda promove a inclusão socioeconômica dos catadores, em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Prazos
O Contrato TSE nº 52/2023 foi assinado em 21 de dezembro de 2023 e publicado no Diário Oficial da União (DOU) no dia seguinte. O recolhimento foi finalizado em 16 de outubro de 2024. A empresa NGB Recuperação e Comércio de Metais tem até junho de 2025 para concluir a destinação ambientalmente correta da totalidade do material. Um total de R$ 1,7 milhão foi recolhido aos cofres públicos.
Algumas empresas contratam cooperativas de reciclagem que geram diversos outros produtos, utilizando, na maioria, o material plástico da urna. A partir dele, correias de sandálias e pufes já foram produzidos, por exemplo. Dessa maneira, pode-se dizer que quase todos os componentes das urnas são recicláveis.
A parte não aproveitada na reciclagem vai para aterros sanitários credenciados, cumprindo-se uma série de medidas de segurança. O destino das baterias das urnas, por exemplo, deve seguir as regras do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que normatiza a gestão de resíduos e produtos perigosos.
Boas práticas
O projeto “Descarte Ecologicamente Correto da Urna Eletrônica”, do TSE, foi indicado como boa prática pelo Prêmio Innovare, que identifica, divulga e difunde práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no Brasil.
Como contrapartida socioambiental do descarte, a comissão de descarte das urnas disponibilizou uma capacitação sobre Gestão de Resíduos Sólidos para servidoras, servidores, colaboradoras, colaboradores, estagiárias e estagiários do TSE e dos TREs. O curso foi ofertado no Ambiente Virtual de Aprendizagem do TSE e teve carga horária de 12 horas. Entre agosto de 2023 e junho de 2024, um total de 1.315 pessoas concluiu a capacitação.
Para 2025, como contrapartida do descarte em execução, há a previsão de capacitação com o tema “Elaboração de Inventário de Emissão de Carbono”, igualmente a ser ofertado pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem do TSE.
MC, GR/LC, DB