Exposições de trabalhos e obras de autoria feminina são destaques do evento “Direitos: Humanas”
Encontro promovido pelo TSE reuniu, ao longo desta terça (10), mulheres de todo o país para compartilhar conhecimentos e experiências
A programação da tarde do evento “Direitos: Humanas – Voz (da mulher) pela Democracia”, promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, contou com três exposições: “O voto no Brasil”, “A democracia bordada” e “Palavra de Mulher: a vida que se conta”. As participantes do evento puderam circular pelo hall do subsolo e pelo Espaço Sepúlveda Pertence, no edifício-sede, para ver as mostras, compartilhar conhecimentos e experiências, conhecer e conversar com mulheres.
Em uma visita guiada à exposição “O Voto no Brasil”, realizada pelo TSE em parceria com o Projeto República – vinculado ao Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) –, o público teve a oportunidade de mergulhar na história do processo democrático brasileiro com a professora e historiadora Heloísa Starling, que coordena o estudo.
A mostra destaca o papel das mulheres, dos povos indígenas e da população negra na luta por direitos e na construção da democracia. Para a professora Heloísa, resgatar memórias esquecidas é crucial. “O esquecimento é pior do que a morte, porque ele nos apaga completamente. Dar voz a essas histórias é uma forma de anunciar direitos que jamais poderão ser ignorados novamente", disse Heloísa.
A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, enfatizou o significado de ver o trabalho acadêmico materializado em uma exposição de impacto público. “É espetacular podermos estar aqui, especialmente no dia em que se comemora o Dia dos Direitos Humanos, destacando o papel das mulheres na história do voto e da democracia brasileira. Como reitora, é um orgulho enorme ver a contribuição do Projeto República para a preservação e disseminação dessa memória”, afirmou.
A relevância do protagonismo feminino no processo democrático também teve destaque durante a exposição. “As mulheres sempre tiveram voz pública, embora muitas vezes não fossem reconhecidas. Desde as organizações abolicionistas até a luta por direitos na Constituinte, elas estiveram na base da democracia brasileira”, concluiu Nayara Henriques, uma das pesquisadoras envolvidas no projeto e expositora.
Democracia bordada
“O bordado não é um mero bordado, mas um recado, um exercício da cidadania, o qual, por linhas e agulhas, dá voz à democracia, aos desejos de justiça, de dignidade a todas e todos”, declarou a bordadeira e uma das curadoras da exposição “Democracia Bordada” Sávia Dumont. A artista reuniu cerca de 60 obras, que misturam bordados, pinturas e aplicação de miçangas, para a mostra “Democracia Bordada”.
O material representa o trabalho de 27 coletivos de bordadeiras de todo o país, entre eles Militantes, Açafrão, Fio às Cinco em Pontos, Matizes Dumont, Linhas da Gamboa, Linhas da Resistência e Ñanduti.
“Fazemos com a mão aquilo em que a gente acredita. Estamos nas ruas, nas varandas, bordando a democracia. O bordado é a fala política, a fala militante, a fala pelo meio ambiente, a fala pela mulher, pela criança, pelo idoso”, complementou. As linhas bordadas fazem contornos, desenham matas e rios, mulheres, indígenas e outras minorias e escrevem mensagens de importância social e de quebra de paradigmas.
No evento, foi exposta a obra "Carta para a democracia", que reuniu 197 bordados feitos pelo coletivo Linhas da Resistência, com textos bordados sobre o tema, costurados para formar um painel de quatro metros de mensagens. “Essa carta bordada representa a nossa democracia, a nossa luta e o olhar que nós, bordadeiras, temos para o nosso país”, explicou a responsável pelo coletivo, Marisa Silva. O grupo também expôs 28 artes no trabalho "Qual é a sua bandeira?".
Palavra de Mulher
O Espaço Sepúlveda Pertence recebeu diversas escritoras para apresentar suas obras literárias e compor mesas de conversa. A exposição “Palavra de Mulher: a vida que se conta” contou com livros voltados às temáticas de questões de gênero, violência contra a mulher, direito feminino e outras.
Para a secretária-geral do Supremo Tribunal Federal (STF), Aline Osorio, uma das expositoras, mostrar para as pessoas a qualidade do pensamento teórico feminino e a capacidade de criar soluções novas para problemas complexos foi um dos objetivos do livro do qual foi a organizadora. “As mulheres acabam sendo afastadas, apagadas dos espaços e elas estão ali. Então, nós temos que ter uma participação intensa, inclusive na academia”, ressaltou a procuradora-regional da República, Raquel Branquinho.
Entre os livros expostos na ocasião, estavam:
- Direitos e as Vidas –Democracia, Eleições e Participação Feminina: Elas Pensam o Brasil (organizado por Aline Osorio e Letícia Giovanini Garci)
- As histórias e a vida – Oração para Desaparecer (Socorro Acioli)
- A vida não é justa (Andréa Pachá)
- A história que dói – Abuso: a cultura de estupro no Brasil (Ana Paula Araújo)
- Justiça para todas: o que toda mulher deve saber para garantir seus direitos (Fayda Belo)
AM, CA, IA/LC, DB
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