Estudantes quilombolas visitam Museu do Voto do TSE

Alunos do Quilombo Mesquita, na Cidade Ocidental (GO), conheceram um pouco da história das eleições no Brasil

Visita de estudantes do Quilombo Mesquita - Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE - 21.09.2023
Adolescentes posaram para foto ao lado da urna eletrônica gigante - Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

“A participação das pessoas é essencial para a democracia”. A frase de Jean Magalhães Rodrigues, de 13 anos, reflete a diversidade do eleitor brasileiro, que, a cada dois anos, renova, por meio do voto, a confiança no processo eleitoral do país. Estudante quilombola do 8º ano do Ensino Fundamental, ele foi um dos 21 alunos da Escola Municipal Aleixo Pereira Braga I, localizada no Quilombo Mesquita, na Cidade Ocidental (GO), a participar da visita guiada ao Museu do Voto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta quinta-feira (21), em Brasília. A visita integra a 17ª edição do projeto “Primavera dos Museus”, ação anual coordenada pelo Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram).

No local, os alunos aprenderam um pouco sobre os diferentes momentos da história do sistema eleitoral brasileiro. A conquista do voto feminino, a partir de 1932, com a criação da Justiça Eleitoral, foi o que mais chamou a atenção de Daniele Costa Dutra, de 13 anos. “Até então, as mulheres não podiam votar”, afirmou a estudante. Já os analfabetos conquistaram o direito ao voto apenas com a Constituição de 1988. “Tinha muito preconceito na época”, concluiu.

Também estão no Museu os diplomas dos presidentes da República eleitos a partir de 1989, impressos pela Casa da Moeda, e o título de eleitor do ex-presidente Juscelino Kubitschek, doado pela família dele.

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Aos 14 anos, Thallyta Gomes de Oliveira afirmou que planeja tirar o título de eleitor assim que completar 16 anos. “O voto faz o Brasil avançar e ser um país melhor”, disse.

De acordo com dados da Fiocruz, o Quilombo Mesquita possui três mil moradores e ocupa uma área de 4,2 mil hectares na Cidade Ocidental (GO), município localizado a 45 quilômetros de Brasília.

Orgulho da urna eletrônica

A visita guiada ao Museu do Voto incluiu ainda uma demonstração sobre o funcionamento da urna eletrônica e explicações sobre como são impressas a zerézima (que comprova que a urna não possui votos) e o Boletim de Urna (que contém a totalização dos votos de cada urna).

Os estudantes também conheceram os diferentes modelos de urnas utilizados ao longo da história – como as urnas de metal, madeira e lona – e as cédulas de papel utilizadas para votar ao longo de todo o Século XX. “Antigamente, a contagem era feita à mão e tinha um risco muito grande de fraude”, afirmou Jean. “Hoje é muito difícil isso acontecer”, disse.

Desde a criação do sistema eletrônico de votação, em 1996, já foram desenvolvidos nove modelos de urna eletrônica. Na última eleição, em 2022, cerca de 500 mil urnas eletrônicas foram utilizadas no pleito, em todo o Brasil.

Thallyta disse que ficou orgulhosa por saber que a urna eletrônica foi criada por brasileiros. “O brasileiro é muito inteligente. Isso é muito importante para a nossa história, porque faz com que os países lá de fora passem a respeitar o Brasil”, ressaltou.

Confiança e representatividade

Para a professora Celenir Pereira Braga Antônio, a visita ao Museu do Voto do TSE aproxima ainda mais os estudantes do sistema eleitoral brasileiro. “Eles puderam confirmar que as urnas são seguras. Daqui a quatro ou cinco anos, quando eles forem votar, terão ainda mais confiança em depositar o voto na urna para escolher aquele que irão representá-los na Câmara, no Senado ou até mesmo no município deles”, afirmou.

Apresentação cultural

Ao grupo de alunos, somaram-se outros 30 representantes da comunidade quilombola. Servidoras, servidores, colaboradoras e colaboradores do TSE acompanharam uma apresentação cultural de Dança da Catira e Cantorí do Pouso de Folia, realizada por moradores do Quilombo Mesquita.

A turismóloga Gabriela Costa acompanhou a avó, Edna Benedito da Costa, de 67 anos. Segundo ela, a visita dá visibilidade aos quilombolas. “É extremamente importante que a sociedade conheça a nossa cultura e a nossa história: uma história de resistência que se estende ao longo dos séculos e que, por vezes, é apagada. Assim como as comunidades indígenas, as comunidades quilombolas também precisam ser ouvidas. Elas também têm voto”, destacou.

Após a visita guiada, os estudantes conheceram o plenário do TSE, onde são julgados os processos que tramitam na Corte Eleitoral. Eles também receberam lanches e certificados de participação.

Primavera dos Museus

O projeto “Primavera dos Museus” é uma iniciativa do Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram) e ocorre na primeira semana da primavera. O evento tem entre os objetivos promover e valorizar os museus brasileiros, assim como aumentar o público visitante das instituições e intensificar a relação desses espaços culturais com a sociedade.

O tema deste ano é “Memórias e Democracia: pessoas LGBT+, Indígenas e Quilombolas”. As memórias das comunidades quilombolas são um testemunho da resistência e resiliência ao longo do tempo. Os quilombos surgiram como comunidades autônomas de pessoas afrodescendentes que escaparam da escravidão e lutaram por liberdade e dignidade.

Museu do Voto

O Museu do Voto tem a finalidade de pesquisar, preservar e difundir a história eleitoral brasileira e a memória da Justiça Eleitoral. O objetivo é manter os valores institucionais e servir à sociedade e ao fortalecimento da democracia. O Museu do Voto é aberto à visitação de segunda a sexta, das 13h às 19h. Para solicitar uma visita guiada, basta enviar um e-mail para museu@tse.jus.br.

Programa Educativo

Desde 2010, o Programa Educativo do Museu do Voto oferece aos estudantes das redes pública e privada de ensino uma visita guiada à exposição em cartaz, seguida de oficina educativa. Durante o passeio, os estudantes são convidados a refletir sobre os conteúdos abordados e sobre temas como democracia, cidadania, participação política e inclusão.

DV/LC, DM

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