Teste da Urna: investigadores concluem inspeção para a elaboração de planos de ataque

Durante duas semanas, 33 investigadores estiveram no TSE para inspecionar também os sistemas eleitorais

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Terminou nesta sexta-feira (20) a fase destinada à inspeção do código-fonte da urna eletrônica e dos sistemas eleitorais pelos investigadores e investigadoras pré-inscritos na 7ª edição do Teste Público de Segurança da Urna (TPS) 2023. Foram duas semanas dedicadas à análise. No total, 33 participantes, com inscrições individuais e de grupos, puderam escolher entre a semana de 9 a 13 e 16 a 20 de outubro para fazer a inspeção na sala Multiúso, localizada no subsolo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.

Na primeira semana, o espaço exclusivamente reservado para essa finalidade recebeu a visita de 14 pré-inscritos. Já na segunda, 19 investigadoras e investigadores estiveram presentes para inspecionar o código-fonte e os sistemas eleitorais da urna eletrônica. A sala Multiúso foi equipada com 24 computadores, sem acesso à internet, para receber os participantes. No espaço, não é permitido o ingresso com celulares e outros equipamentos. 

Nessa fase do TPS, o Tribunal oferece subsídios aos participantes para a elaboração dos planos de testes a serem submetidos a avaliação e aprovação. Agora, investigadoras e investigadores devem enviar os planos até 27 de outubro, próxima sexta-feira, conforme o novo calendário do evento. O Teste Público de Segurança da Urna ocorrerá de 27 de novembro a 1º de dezembro de 2023.

Vale destacar que, antes dessa inspeção, o código-fonte da urna foi assinado digitalmente para garantir que a programação verificada pelos pré-inscritos permaneça intacta até o término do Teste. Essa assinatura digital consiste em um mecanismo de criptografia usado para autenticar documentos eletrônicos, responsável por proteger dados e identificar o responsável pela informação.

Primeira participação

O pesquisador de segurança digital Ariel Rossetto Ril veio de Porto Alegre (RS) para participar, pela primeira vez, do TPS com um grupo composto por mais dois investigadores, todos representando a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Ariel destaca o completo acesso dos investigadores ao funcionamento do novo modelo da urna eletrônica. “Todo software vai ter algum detalhe para ser aperfeiçoado. Mas, no geral, [a urna] é muito segura, principalmente pela questão de toda a cadeia ser certificada com assinaturas digitais para a computação dos votos”, descreve o investigador. 

Esta também é a primeira vez em que Rafael Basso Reis, representante de um dos grupos enviados pela Faculdade Atitus, do RS, participa do Teste. Ao todo, o coletivo de investigadores conta com cinco pessoas. Ele é professor de Cibersegurança do curso de Ciência da Computação da instituição. O docente conta que, depois de analisar o código-fonte, eles agora estão construindo o plano de teste focado no software (conjunto de instruções que devem ser executadas por um mecanismo).

Já a técnica em informática Aline Barbosa da Silva Ferreira veio de Jussara (PR) após ver, nas redes sociais, que as inscrições do TPS estavam abertas. A investigadora realizou o cadastro individual na última hora. Segundo Aline, até o momento, ela não encontrou nenhuma vulnerabilidade. “Estar aqui tirou todas as minhas dúvidas”, relata. 

Já a analista de dados Márcia Aparecida Reis veio de Três Corações (MG) e esteve no TSE esta semana para a análise do código-fonte. “Uma experiência fantástica! Temos todos os acessos e podemos tirar todas as dúvidas sobre o código-fonte. Minha experiência está sendo excelente, mas acho muito difícil conseguir invadir uma urna eletrônica: é um sistema extremamente seguro”, afirma Márcia.

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Legitimidade das urnas 

Mesmo quem não atua na área de tecnologia também realizou a pré-inscrição para o TPS. Eloísa Pétala Valerio, de Londrina (PR), compõe um trio de investigadores, com mais dois amigos. No próximo mês, eles vão se graduar em Direito. Ela explica que o grupo se inscreveu para verificar se o processo segue todo o regramento da lei. Nesta fase, trocando conhecimento com os técnicos do TSE e os participantes, após a análise do código-fonte e apresentação da urna eletrônica, eles estão montando um plano de teste. “A gente está aqui também prestando um serviço para a Justiça Eleitoral e mostrando para a sociedade como as urnas eletrônicas funcionam, atestando a legitimidade delas”, explica. 

O tecnólogo em laticínios Nicholas Barros dos Santos fez a inscrição individualmente com a intenção de colaborar também com o aprimoramento das urnas. “O processo é feito com todo cuidado, nos mínimos detalhes, para que o pleito possa ocorrer com segurança, atestando a confiabilidade, a segurança e a celeridade do processo eleitoral do nosso país, que é reconhecido internacionalmente”, destaca. 

Experientes

Esta é a segunda vez que o professor de segurança computacional na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Carlos Alberto da Silva participa do Teste da Urna. Na edição de 2021, Carlos achou um ponto de relevância quanto à confidencialidade do voto, que foi corrigida pelo TSE. “Nada que viesse a alterar o resultado de uma eleição”. Segundo ele, os investigadores recebem todo o auxílio possível dos técnicos do TSE para melhor compreender os sistemas. “É perceptível o esforço do TSE em trazer os investigadores para testar, acompanhar e, no final, corrigir qualquer fragilidade da urna eletrônica. A vontade dos colaboradores do Tribunal em ajudar, ao máximo, tem o objetivo de tornar o processo cada vez mais seguro”, diz. 

O mestre em computação Marcos Roberto dos Santos, que integra outro grupo da Faculdade Atitus, participa do TPS pela segunda vez. Em 2021, o grupo dele apontou um achado relevante que poderia quebrar a confidencialidade do voto, o que foi corrigido pelo Tribunal. “O pessoal acredita que é somente uma urna, mas é muito mais do que isso. Tem desde o sistema gerador de mídias, a transmissão dos votos, o próprio software da urna, o totalizador. Então, é um monte de sistemas que estão de certa forma interligados e que fazem toda essa engrenagem funcionar”, afirma o professor.

Já o docente Luis Antonio Kowada, que leciona no curso de Ciência da Computação em uma universidade no Rio de Janeiro, está inscrito no evento pela terceira vez. Ele faz parte de um grupo com quatro investigadores. Kowada explica que o quarteto pensa em montar um plano de teste que diz respeito à integração do hardware (parte física) com o software. “Vamos tentar um ataque relativo à confidencialidade do voto, conseguindo obter a informação durante a votação”, afirma. 

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Apresentações e equipe à disposição

Durante essas duas semanas, os participantes pré-inscritos no Teste da Urna 2023 contaram ainda com apresentações realizadas pela equipe da Secretaria de TI do Tribunal. Foram mostrados os componentes físicos internos da urna, sendo realizada uma bateria de testes funcionais que ocorrem também na data do pleito, antes do início da votação. É feita, inclusive, uma simulação de eleição. Além disso, eles conferiram como funciona o Subsistema de Instalação de Segurança (SIS), um dos sistemas responsáveis pelo envio e recebimento de arquivos, e o JE Connect, ambiente privado para transmissão dos resultados. 

Em todos esses dias, os técnicos do TSE se revezaram na sala Multiúso para tirar dúvidas pontuais dos pré-inscritos. As mais aprofundadas devem ser esclarecidas por meio de um formulário disponível na página do TPS. “É por meio das explicações e orientações fornecidas pela equipe técnica do TSE que os investigadores são capazes de ter uma visão mais completa sobre o funcionamento dos sistemas eleitorais e de suas barreiras de segurança”, explica o chefe da Seção de Voto Informatizado do TSE (Sevin/TSE), Rodrigo Coimbra.

Outras ferramentas disponibilizadas pelo TSE aos pré-inscritos do Teste Público da Urna são os vídeos explicativos, que detalham o funcionamento interno (software) e externo (hardware) das urnas eletrônicas. Eles estão disponíveis para consulta pública na página do TPS 2023. Além disso, no dia 15 de setembro deste ano, o Tribunal realizou audiência pública sobre o Teste da Urna para explicar as etapas do evento e tirar dúvidas de representantes da sociedade.  

Teste Público da Urna

O Teste Público de Segurança da Urna (TPS) 2023 é voltado aos especialistas com interesse em colaborar com a Justiça Eleitoral no aprimoramento dos sistemas eletrônicos de votação e apuração a serem utilizados nas Eleições Municipais de 2024, bem como contribuir para o fortalecimento da democracia. Para esta edição, serão usados os modelos mais recentes do equipamento (UE2020 e UE2022). 

O evento tem como objetivo fortalecer a confiabilidade, a transparência e a segurança da captação e da apuração dos votos, assim como propiciar o aperfeiçoamento do processo eleitoral.

Acesse a página do TPS 2023.

CA, JL/LC, DM

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18.10.2023 – Teste da Urna 2023: publicado novo calendário do evento

18.10.2023 - Conheça a estrutura montada para inspeção do código-fonte pelos pré-inscritos no Teste da Urna

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09.10.2023 - Teste da Urna: pré-inspeção do código-fonte pelos participantes do TPS 2023 começa hoje (9)

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