Liderança feminina é tema de palestra no TSE com filósofa francesa
Gisèle Szczyglak falou sobre o cenário atual da mulher nos espaços de poder. Evento foi conduzido pela ministra Maria Claudia Bucchianeri
“É extremamente importante, assim como o acesso à conversa política, que as mulheres sejam visíveis, que a palavra das mulheres seja visível”. A afirmação foi feita pela professora e filósofa francesa Gisèle Szczyglak, na palestra “Mulheres em posição de liderança: uma questão de equidade", promovida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em comemoração do Dia Internacional da Mulher, celebrado no último dia 8. O evento, ocorrido nesta sexta-feira (17), foi transmitido ao vivo pelo canal do TSE no YouTube.
A abertura da palestra foi conduzida pela ministra Maria Claudia Bucchianeri, com a presença de Betânia Lemos, presidente da Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Ela informou que as estatísticas das Eleições 2022 revelaram que as mulheres compõem 53% do eleitorado brasileiro, embora sejam a minoria dos candidatos e dos eleitos. Bucchianeri destacou a importância da democracia para a representatividade feminina em espaços de poder, uma vez que ela não se esgota na votação e na escolha de representantes, e sublinhou que “a democracia, nos termos da Constituição de 1988, é um valor”.
Segundo a ministra, a democracia brasileira, que é “jovem e está em construção”, enfrenta desafios para a consolidação da diversidade nos espaços sociopolíticos e de poder, como mostram os números da última eleição: 33% de candidaturas femininas e 15% de eleitas. “Nós não somos silenciosas, nós somos silenciadas”, finalizou Bucchianeri, com as palavras da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, em uma declaração de apoio à participação da mulher na política e nos diversos ambientes da sociedade.
Estereótipos da sociedade
Gisèle Szczyglak iniciou a palestra com pontuações que remetem ao cenário de posicionamento da mulher no mundo. “A equidade não é algo atraente”, afirmou, ao destacar que, para realizar mudanças, é necessário utilizar dados quantitativos e qualitativos e, consequentemente, criar políticas públicas.
Após a apresentação de um panorama sócio-histórico, a palestrante falou sobre os estereótipos que se formaram ao longo do tempo acerca da mulher em posições de liderança. Mas, de acordo com ela, é fundamental desmistificar alguns conceitos para valorizar a diversidade feminina.
Conforme enfatizou a professora, a desigualdade entre homens e mulheres dificulta o acesso delas à educação, à humanidade e à participação nos processos decisivos que moldam um país. Szczyglak destacou que críticas devem ser realizadas para a construção de uma sociedade mais justa. “Vocês [mulheres] são sujeitos de direitos, e vocês participam da conversa política. Você [mulher] está lá para contribuir para a sociedade. Você está lá para participar do processo político democrático e para exercer um papel de pessoas que gerenciam”, defendeu a autora.
Gisèle Szczyglak
Docente em cursos oferecidos pela École Nationale d´Administration (ENA), a filósofa é fundadora e CEO da WLC Partners e da associação internacional Open Mentoring Network, além de especialista em mentoring, inteligência coletiva, liderança feminina, gestão de talentos, implementação de redes profissionais e marketing pessoal.
TSE Mulheres
A palestra foi uma iniciativa da Comissão Gestora de Política de Gênero do TSE (TSE Mulheres), em parceria com a Enap. Além de incentivar a participação das mulheres na política, a Comissão tem como objetivo estimular a atuação feminina dentro da própria Justiça Eleitoral.
Confira também a página TSE Mulheres, no Portal da Justiça Eleitoral.
IA/LC, DM