Teste da Urna 2023: número de investigadoras é recorde
7ª edição do evento contou com a participação de mulheres na execução de planos de teste
Aline Barbosa, Érika Maria de Castro, Rhayara Rodrigues, Hitatiana Santiago, Maria Isabel Lima e Camila Alves. Anote esses nomes. Essas seis mulheres participaram durante toda esta semana do Teste Público de Segurança (TPS) da Urna 2023, ampliando o caminho para que outras mulheres também se interessem em fazer parte do evento em outras oportunidades.
A 7ª edição do Teste da Urna, que começou na segunda-feira (27), na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília (DF), contou com um número recorde de investigadoras: três vezes mais do que a edição anterior, realizada em 2021, que teve duas participantes atuando efetivamente.
O evento, que terminou nesta sexta-feira (1°), tem como objetivo fortalecer a confiabilidade, a transparência e a segurança da captação e da apuração dos votos, assim como propiciar o aperfeiçoamento do processo eleitoral.
Crescimento do número de mulheres
Realizado desde 2009, o Teste da Urna contou com a participação de mulheres pela primeira vez em 2012. Confira, na tabela abaixo, um comparativo sobre a participação feminina no Teste Público.
Edição |
Data |
Total de Participantes |
Participantes mulheres |
10 a 13/nov. |
37 |
0 |
|
20 a 22/mar. |
24 |
2 |
|
8 a 10/mar. |
13 |
1 |
|
27 a 30/nov. |
14 |
0 |
|
25 a 29/nov. |
22 |
0 |
|
22 a 27/nov. |
26 |
2 |
Motivação
Para Camila Alves, de 25 anos, que está no final do curso de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, participar do TPS é a realização do sonho de integrar uma equipe acadêmica. “É uma honra estar aqui. Eu sinto muito orgulho, porque esse é um ambiente majoritariamente masculino, e ver que eu estou fazendo parte desse grupo de mulheres é algo especial. Eu sempre tive essa questão de querer estar na Ciência. Então, é muito bom estar aqui, olhar ao meu redor e perceber que eu ganhei esse espaço”, disse.
Segundo ela, a participação da sociedade no Teste da Urna, além do caráter colaborativo, “quebra” [desmente] muito as fake news sobre a urna eletrônica e confere ainda mais transparência ao processo, já que o público pode acompanhar todo o evento pelo canal do TSE no YouTube.
Pioneirismo
Érika Maria de Castro, 39 anos, de Mont Mor (SP), graduada em Ciências Jurídicas e Sociais, disse acreditar que a participação dela e das outras especialistas abrirá as portas para mais investigadoras. “Acho que é interessante que o cidadão veja que mulheres participam do evento. E que elas se façam cada vez mais presentes, porque as pessoas imaginam que apenas alguém ligado à informática pode participar. Ao estar aqui, a gente percebe que o conhecimento é valorizado. Acredito que a participação de mulheres no Teste só vai se ampliar”, observou Érika, ao destacar que várias situações ocorridas no evento demonstraram que o “sistema da urna está muito completo em termos de segurança”.
Pesquisadoras da USP
Além das investigadoras, o Teste da Urna 2023 conta com presença de mulheres que integram o grupo de pesquisadores do Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (Larc) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). A equipe é composta de professores, alunos de pós-graduação e de nível de mestrado e doutorado, além de alguns estudantes de graduação que fazem iniciação científica, em geral nos campos da Engenharia de Computação ou da Engenharia Elétrica focada em computação.
Em junho de 2023, o TSE e a USP firmaram um convênio de cooperação técnico-científica que ampliou a integração entre as instituições no processo de avaliação da segurança do hardware e do software do sistema eletrônico de votação antes, durante e depois do Teste Público.
Experiência e inspiração
De acordo com Yeda Regina Venturini, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que integra o grupo de pesquisadores da instituição, essa é uma experiência muito interessante. “Gostei muito da abertura que o TSE dá para que pessoas com diversos níveis de conhecimento sobre a urna eletrônica participem. Isso tem como resultado não apenas o objetivo principal, que é contribuir para melhorar a segurança da urna, como também para que os estudantes, que estão começando, aprendendo, consigam entender melhor e quebrar alguns mitos com relação à forma como a urna é construída e os procedimentos de segurança que existem nela”, destacou a docente.
Yeda lembrou que a presença feminina nas áreas de Exatas normalmente é reduzida. “Eu acho que nossa participação aqui serve como uma motivação. Porque elas observam que tem mulheres que estão ocupando um espaço como esse, de especialista. Essa visibilidade é importante e motiva para que outras mulheres se sintam confortáveis em estar nesse meio de tecnologia, que é bastante masculino”, afirmou.
O Teste Público
O Teste da Urna é voltado a especialistas com interesse em colaborar com a Justiça Eleitoral no aprimoramento dos sistemas eletrônicos de votação e apuração a serem utilizados nas Eleições Municipais de 2024, bem como contribuir para o fortalecimento da democracia.
MM/EM, DM
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