Terra indígena em Santa Catarina elege cacique presidente com o uso de urnas eletrônicas
Nove aldeias de Laklãnõ Xokleng foram às urnas neste domingo (20), em segundo turno
Utilizando urnas eletrônicas emprestadas pela Justiça Eleitoral, a Terra Indígena Laklãnõ Xokleng, em Santa Catarina, elegeu no último domingo (20) o novo cacique presidente, em segundo turno. A região ocupa nove aldeias nos municípios de José Boiteux e Vitor Meireles, pertencentes à 14ª Zona Eleitoral, e também Itaiópolis, que sedia a 38ª Zona Eleitoral.
O cacique Setembrino Camlem foi o presidente eleito com 57,5% dos votos válidos (704). Ele ocupará o cargo pelos próximos três anos, sendo o responsável pelas nove aldeias que fazem parte da Terra Indígena.
O candidato derrotado, Faustino Criri, obteve 521 votos (42,5%). Foram 18 votos em branco e 14 nulos. Estavam aptos a votar 1.532 eleitores. Os votos válidos totalizaram 1.225. O índice de comparecimento foi de 82,05% (1.257 eleitores), e o de abstenção, de 17,95% (275 eleitores).
A votação começou às 8h e se encerrou às 15h.
O eleito e sua vice, Fabina Patte dos Santos, foram diplomados logo após a totalização, que levou menos de uma hora para ser concluída.
Agilidade
De acordo com o chefe de cartório da 14ª Zona Eleitoral de Ibirama, Camilo Leandro Sales, “a urna eletrônica facilitou a votação, pois, na última eleição, com as urnas de lona e os votos em papel, o término da totalização ocorreu somente em torno de meia-noite”.
Segundo o chefe da Seção de Voto Informatizado do Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-SC), João Sebastião Andrade, as eleições transcorreram sem qualquer intercorrência. O resultado da votação foi proclamado pelo presidente da Comissão Eleitoral da Terra Indígena, Laklãnõ Xokleng, André José.
1º turno
O primeiro turno das eleições na Terra Indígena Laklãnõ Xokleng ocorreu no dia 6 de agosto, também com o uso de urnas eletrônicas. Nove caciques regionais foram eleitos. Eles e os respectivos vices também foram diplomados logo após a proclamação do resultado. A disputa pelo cargo de presidente seguiu para o segundo turno, realizado neste domingo (20).
Esta foi a primeira vez que a Terra Indígena Laklãnõ Xokleng realizou suas eleições com o uso da urna eletrônica. Em 2016, a Terra Indígena Toldo Chimbangue, no oeste do estado, elegeu o cacique por meio do voto eletrônico.
Mesários
O pleito contou com 27 mesários, três por seção, todos indígenas. De acordo com Camilo Sales, os indígenas que participaram como mesários e técnicos de urna receberam treinamento a distância, via EAD da Justiça Eleitoral. “O interesse pelo equipamento também para as votações internas da aldeia demonstrou que aquela comunidade acredita na Justiça Eleitoral e na votação por urna eletrônica”, afirmou o chefe de cartório.
Além do empréstimo das urnas e do treinamento dos mesários, o TRE-SC preparou os equipamentos, com a inserção dos dados de eleitoras, eleitores, candidatas e candidatos.
Empréstimo de urnas
Desde 1997, a Justiça Eleitoral promove o empréstimo das urnas eletrônicas e dá apoio e suporte gratuitos para que entidades públicas organizadas e instituições de ensino realizem suas eleições. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é um exemplo de entidade de classe que costuma utilizar as urnas eletrônicas em seus pleitos. O empréstimo é regulamentado pela Resolução TSE nº 22.685/2007.
O objetivo com o empréstimo das urnas eletrônicas para outras eleições é treinar mesários, eleitores e o corpo técnico da própria JE fora do período eleitoral, bem como fazer a divulgação da urna eletrônica e de seus sistemas associados; além disso, reforçar que o sistema eletrônico de votação brasileiro é rápido, seguro e imune a fraudes.
JL/LC, DM
Com informações do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC)