Live do TSE discute racismo e violência política de gênero

Segunda edição do Mulheres Debatem reuniu ministro Barroso, Petria Chaves, Luiza Brunet e Regina Célia Barbosa para reflexões sobre o tema

Live ministro Barroso, mulheres debatem: Violência - 12.03.2021

“Nós temos procurado, no Tribunal Superior Eleitoral [TSE], participar dessa luta com muitas vitórias, mas ainda inacabada, pela ascensão, pelo respeito à mulher e por uma sociedade em que prevaleça a igualdade de gênero”, declarou o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, na abertura do segundo evento da série “Mulheres Debatem”, transmitida pelo canal do Tribunal do YouTube nesta sexta-feira (12).

O encontro virtual, que integra uma série de ações do Tribunal para celebrar o Dia Internacional da Mulher, foi mediado pela jornalista Petria Chaves e contou com a presença da vice-presidente do Instituto Maria da Penha, Regina Célia Barbosa, e da atriz, modelo e ativista pelo direito das mulheres Luiza Brunet.

Tema em crescente debate, a violência política de gênero é entendida, pela ONU Mulheres, como qualquer ação, conduta ou omissão que, com base no gênero, cause dano ou sofrimento a uma ou mais mulheres. O objetivo dos agressores, portanto, seria barrar os direitos políticos femininos. Tal cenário é agravado quando a vítima é uma mulher negra.

Sobre esse aspecto, o ministro Barroso ainda declarou que o incentivo à participação de mais mulheres na política é motivado por dois fatores. O primeiro, de acordo com ele, é por uma questão de justiça de gênero, que envolve a necessidade da criação de espaços públicos representativos. O segundo, pelo interesse geral e pelo fato de agregarem qualidades e valores diferentes, tão úteis ao debate político.

Em consonância com o presidente do TSE, a mediadora do evento, Petria Chaves, ainda incluiu outras formas de se tolher a representatividade feminina e falou da dificuldade que ainda existe para acabar com esse mal. “Quando a violência é um comportamento aceitável, que nasce, cresce e é alimentado pela cultura, os desafios para a virada desse jogo são ainda maiores. Tenho a alegria de contribuir, e de todas nós contribuirmos, hoje, com inteligência, ação e propostas para essa virada de jogo”, disse.

Reconhecimento

Regina Célia Barbosa, por sua vez, afirmou que “muitos falam de respeito, mas estamos no século 21 querendo mais do que respeito. O respeito ainda nos coloca em uma posição de tolerância e de uma tolerância que, muitas vezes, é cúmplice da violência e das vistas grossas. Mas quando falamos em reconhecimento, que começa nos movimentos sociais e se consolida no texto jurídico, na verdade, agora é o ‘cumpra-se’. E esse ‘cumpra-se’ tem a ver com o reconhecimento”, declarou.

Para ela, antes da Lei Maria da Penha (em vigor desde 2006), não havia sequer discussões sobre relacionamento abusivo. “Mesmo que a Lei não o tenha trazido, impulsionou esse tipo de debate”, complementou.

Coragem

“É muito importante que as mulheres tenham coragem, não sintam vergonha de falar sobre seus problemas em casa e que busquem ajuda, porque não conseguimos sair sozinhas de nenhuma violência, seja verbal, moral, psicológica, sexual, institucional ou física. É importante buscar ajuda e saber quem tem que ter vergonha é o agressor”, aconselhou Luiza Brunet. A atriz, modelo e ativista pelos direitos das mulheres já foi vítima de violência sexual e física.

Mulheres Debatem

Ao todo, serão quatro encontros neste mês, sendo os próximos nos dias 19/3 (sobre liderança) e 26/3 (sobre gênero). A série de diálogos é organizada pela Comissão TSE Mulheres, que tem como objetivo incentivar a participação feminina na política e na Justiça Eleitoral.

Veja, também, o primeiro debate da série.

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