Pedido de vista suspende julgamento de recurso de deputados mineiros cassados

Corte analisa se houve abuso de poder econômico e religioso em favor dos parlamentares do PP e do PR, em evento da Igreja Mundial do Poder de Deus

Sessão administrativa do TSE

Um pedido de vista do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Tarcisio Vieira de Carvalho Neto suspendeu hoje (29) o julgamento do recurso do deputado federal Franklin Roberto Souza (PP–MG) e do deputado estadual Márcio José Oliveira (PR–MG). Ambos tentam anular a cassação de seus mandatos decorrente de abuso de poder econômico, religioso e de uso indevido de meios de comunicação praticados nas Eleições Gerais de 2014.

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) cassou os mandatos dos dois parlamentares e os declarou inelegíveis por oito anos por terem participado de evento da Igreja Mundial do Poder de Deus, na véspera do pleito. A Corte Regional aplicou as sanções porque considerou que o encontro religioso se transformou em ato político, com pedido explícito de votos em favor dos dois políticos, o que é vedado pela legislação.

A relatora da matéria no TSE, ministra Rosa Weber, desproveu o recurso dos deputados antes do pedido de vista formulado no julgamento. Rosa Weber afirmou que o líder da Igreja Mundial, Valdemiro Santiago, fez durante o encontro claro pedido explícito de votos em favor dois candidatos, um deles (Márcio Oliveira) sobrinho do religioso.

A ministra destacou que está “perfeitamente delineado” o abuso de poder econômico no episódio, sem que se precise debater, no caso específico, o abuso religioso. Segundo ela, além do pedido explícito de votos, registrado em vídeo, houve farta distribuição no evento, ocorrido no dia 4 de outubro na Praça da Estação em Belo Horizonte (MG), de material de campanha dos candidatos favorecidos. Em seu voto, a ministra afastou a condenação por uso indevido de meios de comunicação na conduta, por não vê-la configurada.

Para ressaltar a capacidade de influência popular do encontro, Rosa Weber informou que o evento religioso teve cinco mil participantes, custou quase R$ 1 milhão, pagos pela Igreja Mundial do Poder de Deus, e recebeu caravanas procedentes de diversos municípios mineiros. A magistrada ressaltou ainda que o então candidato Márcio Oliveira chegou a divulgar amplamente o evento em redes sociais.

A defesa dos parlamentares cassados argumentou que o encontro durou quatro horas e não foi usado para enaltecer os candidatos, tendo como objetivo congregar os fiéis.

 

EM/LR, DM

 

Processo relacionado: RO 537003     

 

 

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