Série urna eletrônica: eleições 2014 contarão com mais de 534 mil máquinas
Os mais de 141 milhões de eleitores brasileiros contarão com cerca de 534 mil urnas eletrônicas para escolherem seus candidatos nas eleições de outubro do ano que vem. Para que a votação ocorra sem contratempos, servidores e colaboradores da Justiça Eleitoral têm se dedicado à conclusão de novas unidades da urna eletrônica e à realização de exaustivos testes que comprovem o correto e perfeito funcionamento das máquinas.
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Os mais de 141 milhões de eleitores brasileiros contarão com cerca de 534 mil urnas eletrônicas para escolherem seus candidatos nas eleições de outubro do ano que vem. Para que a votação ocorra sem contratempos, servidores e colaboradores da Justiça Eleitoral têm se dedicado à conclusão de novas unidades da urna eletrônica e à realização de exaustivos testes que comprovem o correto e perfeito funcionamento das máquinas.
A fabricação das mais de 30,1 mil novas unidades, do Modelo UE2013, a realizada na Fábrica das Urnas, em Santa Rita do Sapucaí-MG, está prevista para ser concluída até o dia 30 de setembro. No entanto, para o pleito geral de 2014, também serão utilizadas urnas eletrônicas que ainda se encontram em condições de uso e que não tenham mais de 10 anos de funcionamento. São urnas dos seguintes modelos: UE2004 (73 mil unidades), UE2006 (25,1 mil unidades), UE2008 (57,9 mil unidades), UE2009 (194,4 mil unidades), UE2010 (117,8 mil unidades) e UE2011 (34,9 mil unidades).
As urnas que estão sendo produzidas agora e as do modelo UE2011 são fabricadas por empresa escolhida em processo licitatório concluído em 2011, na modalidade concorrência e no sistema de registro de preços. Além de ter qualificação técnica, a vencedora do certame teve de cumprir requisitos técnicos mínimos para a produção das urnas.
Segundo o contrato celebrado entre o TSE e a empresa, esta poderia produzir e fornecer até 90 mil urnas eletrônicas (hardware e software), incluindo terminal do eleitor, módulo impressor, terminal do mesário e embalagem. Também é responsável pelo eventual fornecimento de suprimentos – como cartões de memória e pendrives – e peças de reposição para as UE2011, e prestação de outros serviços, tais como elaboração de documentos técnicos de especificação.
Requisitos mínimos
Os requisitos técnicos mínimos da urna eletrônica modelo UE2011 estão estruturados da seguinte forma: requisitos de hardware; requisitos de software; requisitos de desempenho; requisitos de qualidade; requisitos da embalagem; e requisitos do produto.
Em cumprimento aos requisitos de hardware, a empresa deve entregar a urna com os seguintes componentes: terminal do eleitor, composto de gabinete, placa-mãe, unidades de armazenamento (Memória CompactFlash Interna, Memória CompactFlash Externa e Memória de Resultado), teclado, display LCD, fonte de alimentação e bateria interna; módulo impressor, composto de gabinete, mecanismo de impressão e bobina de papel; e terminal do mesário, composto de gabinete, display alfanumérico, display gráfico, teclado, dispositivo de leitura de digitais e dispositivo de leitura e gravação de smartcard.
Quanto ao Ecossistema da Urna - conjunto de soluções de software que permite apoiar e automatizar as atividades e processos envolvendo a urna eletrônica, desde o tratamento das mídias da urna até a apuração do resultado da seção - é totalmente desenvolvido por equipe própria do Tribunal Superior Eleitoral. O Ecossistema da Urna, quanto ao UENUX (software executado exclusivamente na urna), é composto por software básico (sistema operacional e drivers) e software aplicativos (dentre eles, o software de votação). O Ecossistema da Urna segue padrões de qualidade e segurança inerentes ao cumprimento de sua função e atendendo aos requisitos de um software de missão crítica.
Também devem ser cumpridos certos requisitos de desempenho, como o que estabelece que os terminais do eleitor e do mesário devem apresentar em seus displays um número digitado em qualquer um de seus teclados em no máximo ½ segundo.
Já no que se refere aos requisitos da embalagem, pode-se citar que esta deve acomodar a UE2011 e todos os seus componentes e possuir calços fixos para facilitar a acomodação da urna eletrônica dentro da mesma. Vale ressaltar que a embalagem deverá ser homologada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (IPT), comprovando todos os requisitos mínimos estabelecidos no contrato.
Testes
Com o intuito de assegurar que a eleição será realizada com pleno êxito, o TSE estabelece uma sistemática muito ampla e planejada de testes com o hardware da urna eletrônica e com os outros cerca de 90 sistemas eleitorais. Giuseppe Janino, secretário de Tecnologia da Informação do TSE, ressalta que o maior desafio da Justiça Eleitoral no que tange à tecnologia é a integração de todos esses programas e componentes que são desenvolvidos, para que se interliguem e interajam com correção.
No que se refere aos componentes de hardware, desde o início do processo fabril são verificados vários pontos de qualidade, até que as máquinas cheguem a cada Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e sejam testadas novamente. Já nos regionais, os componentes de hardware passam por outro procedimento de testes, conhecidos como exercitação, realizados periodicamente, pelo menos a cada quatro meses.
Segundo o secretário de TI, essa sistemática consiste em ligar a urna, carregar a bateria e verificar seu funcionamento. Em resumo, a exercitação é fazer com que todos os componentes sejam alimentados eletricamente, para que funcionem, porque se ficarem um período muito grande sem funcionar, há a possibilidade de eles se deteriorarem.
Entre os testes de hardware estão: inspeção visual e desmontagem de peças, se necessário; checagem da capacidade de processamento da urna; acionamento das teclas; alternação das fontes de alimentação da urna e verificação do respeito às prioridades estabelecidas; carregamento das baterias internas, atendendo aos testes de carga e autonomia definidos; inspeção visual, retirada e fixação do módulo impressor; e teste do leitor de digitais.
“Uma vez identificada alguma não conformidade nessas urnas, elas são automaticamente encaminhadas para o processo que chamamos de manutenção corretiva”, explica Giuseppe.
Com relação aos softwares eleitorais, existem dois tipos de testes: os testes automáticos e os testes com intervenção do operador. Nos automáticos, o próprio software é programado para fazer o teste “sozinho”, por tempo indeterminado. Já no caso dos testes com intervenção do operador, o tempo é determinado conforme a logística de cada tribunal regional, mas, geralmente, são realizados junto com os testes de cargas de bateria, ou seja, a cada quatro meses.
Também existem os testes chamados de “auditoria de fábrica”. Chefe da Seção de Serviços, Provisão e Equipamentos do TSE, Celio Castro explica que, ao final do processo fabril, servidores e colaboradores do Tribunal passam a acompanhar a produção das urnas eletrônicas, fazendo uma espécie de auditoria de qualidade das máquinas.
“A gente entra no fim do processo fabril, ou seja, assim que a fábrica libera um lote de urna, a equipe do TSE entra para fazer teste. Quando o técnico identifica algum problema, ele pode solicitar, de acordo com a severidade da inconsistência, que seja interrompida toda a linha de produção, e determina o conserto imediato do problema. Depois de confirmado que o problema foi solucionado, é retomada a produção daquele lote”, destaca Celio Castro.
Segurança
Para atender aos requisitos mínimos de segurança dos sistemas eleitorais, são realizados os seguintes testes, entre outros: verificação do Sistema Básico de Entrada e Saída (BIOS); verificação do Bootloader (gerenciador de boot); verificação do Sistema Operacional; e verificação do Processo de Autenticação e Funcionalidades.
Testes em campo e simulados
Passando os testes de fábrica e as auditorias, existem os testes em campo, realizados na localidade exata aonde a urna funcionará especificamente. No último dia 2, foi iniciada no TSE uma série de testes em todos os sistemas eleitorais que serão utilizados na urna eletrônica, uma espécie de etapa preparatória para os testes em campo que estão ocorrendo esta semana (de 16 a 20 de setembro) no Paraná.
Conforme explica o coordenador de Sistemas Eleitorais do TSE, José de Melo Cruz, os softwares das eleições são testados o tempo todo. “Os testes fazem parte do processo de desenvolvimento do software, são contínuos. É um ciclo: você desenvolve [os softwares], testa, volta, nunca para de testar, nunca para de desenvolver”, ressalta.
Segundo José Melo Cruz, a realização de testes permite apurar eventuais falhas nos programas com tempo suficiente para ajustes, já que os problemas podem estar relacionados a diversos fatores, tais como: ligações entre software e hardware, linhas de comunicação, ambiente e variação de energia, entre outros.
“Em softwares com criticidade, como o das eleições, é fundamental homologar cada passo do desenvolvimento. Esses testes é que garantem que o sistema chegará à eleição confiável para que o eleitor possa votar com segurança”, diz o coordenador.
Por fim, ainda são realizados os simulados, feitos simultaneamente em grande parte dos Estados brasileiros. De acordo com o secretário de TI do Tribunal, esses testes, de hardware e software, “são muito mais amplos, porque alcançando basicamente todas as instâncias do processo eleitoral em si, desde a zona eleitoral, ao tribunal regional, às redes de comunicação, ao TSE”. “Ou seja, nós tentamos mobilizar toda a sistemática do processo eleitoral em um grande teste”, resume.
LC/LF