Jornalistas de agências de checagem participam de curso sobre o funcionamento da urna eletrônica
Durante o treinamento on-line, foram desmentidos os principais boatos envolvendo supostas fraudes no sistema eletrônico de votação
Na tarde dessa terça-feira (22), jornalistas de 10 agências de checagem participaram de um curso oferecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o funcionamento do sistema eletrônico de votação brasileiro. O treinamento on-line foi ministrado pelo secretário de Tecnologia da Informação do TSE (STI/TSE), Giuseppe Janino, um dos integrantes da equipe que criou a urna eletrônica, usada pela primeira vez nas Eleições Municipais de 1996.
Em sua exposição, o secretário de TI da Corte Eleitoral desmentiu os principais boatos que circulam na rede mundial de computadores envolvendo o sistema eletrônico de votação do país, considerado altamente seguro, auditável e transparente. Ele ressaltou que, em 24 anos de operação, não foram registradas fraudes, nem invasões na urna eletrônica.
“Ela foi projetada para ser um dispositivo isolado, sem nenhum meio de comunicação wi-fi, bluetooth ou internet. Esse é um requisito importante de segurança. Portanto, um hacker que invade qualquer site, da Nasa, do FBI, do Pentágono, jamais conseguiria dessa forma invadir uma urna eletrônica, pois ela não está na internet”, garantiu.
Durante a capacitação, Giuseppe Janino também apresentou aos jornalistas algumas das tecnologias utilizadas pela Justiça Eleitoral para assegurar a inviolabilidade dos sistemas e as formas de verificação dos resultados das eleições em cada seção eleitoral. “Dizer que os softwares não são acessíveis ou auditáveis é, no mínimo, ignorar a legislação, as Resoluções do TSE e os processos que dão acesso efetivo a várias instituições e ao cidadão, que pode estar ali representado por uma delas”, avaliou o especialista.
O secretário de TI do TSE explicou ainda que, ao contrário do que alguns críticos do sistema informatizado de votação espalham na internet, a urna eletrônica possui diversas barreiras de proteção, que vão desde lacres físicos desenvolvidos pela Casa da Moeda do Brasil, até refinados obstáculos digitais, frequentemente colocados à prova nas edições do Teste Público de Segurança (TPS), organizado pelo Tribunal nos anos anteriores às eleições.
“Até hoje, essas barreiras implementadas nas urnas, que são testadas e melhoradas a cada Teste Público de Segurança, representam uma grande resistência e dificuldade para um invasor conseguir qualquer sucesso. E é por isso que nós temos essa história sem nenhuma mácula em relação a fraudes”, esclareceu Giuseppe.
Outro boato desmentido pelo servidor foi o de que seria possível votar no lugar de outra pessoa. Ele informou que, desde 2008, a Justiça Eleitoral utiliza o sistema de identificação biométrica, que impede que um eleitor se passe por outro no dia da votação. Segundo o secretário, a urna só é habilitada para receber o voto se houver coincidência entre a digital cadastrada no banco de dados e a impressão colhida durante a eleição.
Ele lembrou que, excepcionalmente em 2020, para diminuir o risco de contágio pelo novo coronavírus, a biometria não será utilizada no pleito, marcado para acontecer no dia 15 de novembro, em primeiro turno, e no dia 29 do mesmo mês, em municípios onde houver segundo turno.
Participaram do treinamento virtual com o secretário de TI do TSE profissionais da International Fact-Checking Network (IFCN), do Boatos.org, da Agência Lupa, do núcleo Estadão Verifica, da Agência France-Presse Checagem (AFP), do site E-Farsas, do Projeto Comprova, do Uol Confere, da página Aos Fatos e do G1 Fato ou Fake.
BA/LC, DM