Impacto das fake news em eleições mundiais é discutido durante seminário no TSE
Tema foi abordado por especialistas no segundo painel realizado na manhã desta sexta-feira (17)
O segundo painel do Seminário Internacional que acontece nesta sexta-feira (17) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, teve como tema “Eleições e Fake News no Mundo”. O assunto foi mediado pelo membro do Comitê Executivo da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e assessor especial da Presidência da Corte Eleitoral, Rogério Galloro.
Antes de conceder a palavra aos palestrantes, Galloro ressaltou que nem mesmo a Interpol conta com profissionais especialistas em tratar das chamadas fake news diante dos casos envolvendo diversas eleições. “Isso mostra o tamanho do desafio que temos enfrentado no mundo”, frisou.
Educação é arma contra a desinformação
O diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ideia Big Data, Maurício Moura, disse que o fenômeno fake news é algo irreversível e que é preciso combater a oferta de notícias falsas. Para ilustrar, apresentou exemplos de casos ocorridos durante campanhas eleitorais nos Estados Unidos e na Índia. Moura realçou que a medida mais efetiva para enfrentar o problema é a educação. “As tecnologias só vão aumentar e a complexidade da inteligência artificial só vai colocar um mecanismo adicional de dificuldade. Agora, o combate a fake news real, na nossa visão, está na sala de aula da educação básica até a universidade”, afirmou.
Papel dos meios de comunicação
Gerardo de Icaza, diretor do Departamento de Cooperação e Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), lembrou que as fake news são uma prática antiga em eleições, e que a primeira vez teria ocorrido no pleito de 1972 nos Estados Unidos. Nesse sentido, apresentou estudos apontando que a desinformação tenta afetar basicamente três pontos de um pleito: deslegitimar a autoridade eleitoral, atacar a reputação de um adversário de campanha e expor o processo eleitoral a dúvidas ao amplificar irregularidades. A resposta, segundo ele, dever ser dada de forma difusa pela imprensa e não vir de uma só instituição. “O papel dos meios de comunicação é fundamental. A verdade deve ser viral e as autoridades eleitorais devem ter equipes bem preparadas para lidar com o problema”, destacou Icaza.
O poder do WhatsApp
Números sobre o uso de WhatsApp no Brasil foram apresentados pelo coordenador de projetos – Democracia e Tecnologia - do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS RIO), Marco Konopacki. Ele disse que o país é o segundo maior mercado mundial do aplicativo, utilizado por 120 milhões de brasileiros para se comunicar. Esse canal de informação tem se tornado o preferido de grupos propagadores de informações falsas. De acordo com Konopacki, o WhatsApp tem um potencial virtual muito relevante, capaz de atingir até 65 mil pessoas por meio de um único clique. “É importante entender que existem, sim, métodos e formas de organização que se aproveitam do alto engajamento da população para, através da criação de gatilhos, iniciar campanhas que de fato prejudicam o debate eleitoral, interditam o verdadeiro debate público. E é isso que devemos tomar bastante cuidado quando se pensar nesse assunto”, observou.
Resposta internacional
A ideia de que realidades cibernéticas estão afetando realidades democráticas foi abordada pelo adido policial do Departamento Federal de Investigação dos EUA (FBI) para o Brasil, David Brassanini. A Internet amplia a criminalidade, e cidadãos de várias partes do mundo foram indiciados por ataques a redes privadas e a agências governamentais de governos democratas, incluindo tentativas de atingir setores de eleições e infraestrutura dentro dos EUA. “Temos visto que isso não é um problema só nosso, é um problema internacional e, por isso, precisa de resposta internacional”, ressaltou. Brassanini lembrou que, recentemente, foi assinado um compartilhamento de informações policiais entre o Brasil e os EUA, o que será fundamental para alcançar êxito no combate às fake news.
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JP/JB, DM